João de Camargo no inventário de Luís de Camargo Barros

 

(*) Sílvio Vieira de Andrade Filho

 

 

Conforme o livro 32, fls. 174 do CRS (Cartório Rolim de Sorocaba), Luís de Camargo Barros hipoteca escravos para garantir a sua dívida de 1:750$300 ao credor José Ferreira Braga em 10.01.1850. Os escravos são estes: Joaquim (28 anos), Miguel (13), Mariano (11), Pedro (12), Mâncio (06) e Bento (03).

Os documentos a seguir referentes a Luís de Camargo Barros estão arquivados no AFNS (Arquivo do Fórum Novo de Sorocaba). 

No seu testamento feito no sítio de Campo Largo de Sarapuí em 11.07.1876, Luís de Camargo Barros afirma ser natural de Itu e filho legítimo dos falecidos Antônio de Camargo Pais e Gertrudes de Arruda Leite. Para testamenteiros ele escolhe nesta ordem Joaquim de Almeida Pedroso (este sempre foi testamenteiro em muitos documentos da comarca de Sorocaba com direito a receber sua vintena garantida por lei), Pedro de Camargo Leite e Salvador de Almeida Leite. O testador afirma também que se casou primeiramente com Maria de Arruda Leite e depois com Ana de Barros Castanho em 09.10.1852. Não houve filhos nos dois casamentos. Joaquim, Mâncio e Francisca são os escravos que ficarão libertos pelo falecimento do testador. Com o seu falecimento, ele deseja que sejam rezadas missas pela sua alma bem como pelas almas dos seus escravos falecidos. 

O inventário de Luís de Camargo Barros data de 1876 e a inventariante é a sua mulher Ana de Almeida Barros. O inventariado faleceu em 14.07.1876. Só três escravos entram neste inventário: Pedro, João e Maria que aparecem na matrícula de escravos (obrigatória por lei de 1871) feita por seu proprietário na Coletoria de Itapetininga em 29.10.1872: Joaquim (54 anos), Pedro (34), Antônio (27), Mâncio (25), Félis (18), João (14), Francisca (45) e Maria (19). As profissões que aparecem nesta lista são: lavrador, cozinheira e lavadeira. Francisco e Maria são pais de Joaquim e Francisca. Lucas e Inácia são pais de Pedro, Antônio e Félis. A solteira Vicência é mãe de Mâncio. A solteira Francisca é mãe de João. Francisco e Rosa são pais de Maria. No inventário, Pedro está avaliado em 1:400$000. João vale 1:000$000 e Maria foi avaliada em 600$000. O inventariado deixa também um sítio no bairro dos Cocais que faz divisa com Antônio de Almeida Pais no valor de 500$000. Foro do Mosteiro de São Bento.

O testamenteiro faz a prestação de contas testamentárias em 1879. A viúva-inventariante recebeu 1:584$000. Mâncio ou Amâncio fornece recibo de quitação ao inventariante, afirmando que está gozando de total liberdade. O liberto Joaquim faleceu logo após o falecimento do testador. Uma declaração dá conta de que a escrava Francisca está com problemas mentais desde os tempos de seu “sinhô”, mas está totalmente livre. Em 20.05.1883, a autoridade judicial dá por totalmente cumprida a prestação de contas testamentárias.

Ele é confrontante do finado Roberto Dias Batista no sítio anexo ao do Areal conforme o inventário de Dias Batista (1886). Neste mesmo inventário, entra um sítio que pertenceu a Luís de Camargo Barros.


Fonte: Andrade Filho, Sílvio Vieira de (2000: 126)

Sílvio Vieira de Andrade Filho acrescenta ao trecho de seu livro o seguinte:
Num quadro que se encontra numa das paredes da capela de João de Camargo Barros em Sorocaba, cidade onde este teve grande atuação religiosa, consta que João de Camargo Barros, filho da escrava Francisca, nasceu em 1858 na fazenda de Luís de Camargo Barros em Cocais (Sarapuí). Os dados biográficos do referido quadro foram elaborados por Dagoberto Mebius.
Num outro quadro, está a reportagem feita pelo antigo jornal sorocabano "O Comércio" de 30.09.1942 sobre o falecimento em 28.09.1942, sepultamento e dados biográficos de João de Camargo.

Sobre a Capela de João de Camargo, clique este link para ver foto e obter novas informações:

http://www.vivacidade.com.br/gv_pontos_turisticos_interno.php?id_turistico=53

 

 

(*) Sílvio Vieira de Andrade Filho (vieira.sor@terra.com.br) é historiador, lingüista e autor do livro "Um Estudo Sociolingüístico das Comunidades Negras do Cafundó, do Antigo Caxambu e de seus Arredores" (ISBN 85-89017-01-X, Secretaria da Educação e Cultura de Sorocaba, 2000). Este livro é resultado de sua tese de Doutorado na USP. O referido pesquisador é autor também do livro “Guareí” (ISBN 85-904104-1-2, Prefeitura e Câmara Municipal de Guareí, 2004). O autor tem na internet este site:

http://www.cafundo.site.br.com


Obs.: João de Camargo (1858-1942) teve atuação religiosa em Sorocaba.


 

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